Copom tem ‘alguns ajustes pela frente’ na Selic em pelo menos mais duas reuniões, diz diretor do BC

Copom tem ‘alguns ajustes pela frente’ na Selic em pelo menos mais duas reuniões, diz diretor do BC

Bruno Serra reforçou que a decisão de redução do ritmo de alta do juro, mesmo com a projeção para inflação de 2022 acima do teto da meta, foi tomada com base nos efeitos defasados de política monetária e no elevado nível da Selic

Por Larissa Garcia

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou nesta quarta-feira (09) que a “batalha contra a inflação não está ganha”. Em live da Modal+, ele afirmou que “temos muito pela frente”. Segundo ele, os serviços foram contaminados mais fortemente, o que é um problema para a inflação futura.

Serra disse que o “ BC mudou na ata ‘aperto monetário deverá ser mais contracionista ao longo do horizonte’, contra ‘por todo horizonte’ da passada”. Mas destacou que essa é só mudança textual e que não tem objetivo de comunicar nada de diferente.

O diretor do BC disse ainda que a inflação em 2021 teve destaque grande para preços importados e choque no câmbio, “que por culpa nossa depreciou mais que os pares” e que o BC teve que reagir fortemente a esses choques com ciclo de ajuste forte e rápido. “Passamos de Selic de 2% ao ano para 10,75%, ainda temos alguns ajustes pela frente a serem feitos”, disse.

Ele afirmou ainda que as condições financeiras no mundo precisarão ser apertadas, especialmente nos Estados Unidos.

“A parte boa é como os mercados têm reagido, ativos de tecnologia e cripto surfaram na onda da oferta de liquidez”, frisou. “Ao invés de surfarmos na onda de liquidez, os brasileiros acabaram mandando mais recursos para fora do que recebemos”, complementou.

Meta da inflação

Serra afirmou que, depois da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, a meta de inflação de 2022 não estará mais no horizonte. A meta de inflação perseguida pelo BC é de 3,50% em 2022 e 3,25% em 2023, com folga de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. “A gente vê inflação de 2023 acima da meta no balanço de risco”, afirmou o diretor.

Segundo ele, o cenário de referência hoje não parece condizente com trazer a inflação para a meta e que é necessário que o BC faça algo a mais do que o cenário sugere”.

“BC deveria entregar mais juros ou fazer o ciclo mais longo que o precificado no cenário de referência”, disse. Para o diretor, o cenário de referência de antes da reunião do Copom não é suficiente para entregar a inflação na meta.

Serra ressaltou que a Selic estava no campo neutro até o fim do ano passado, embora tenha aumentado rápido e que, no início, durante bom tempo, os estímulos foram reduzidos. Ele destacou que o tempo de defasagem para efeito na atividade é de seis meses. “Depois disso, veremos na inflação”, contou, complementou que o modelo sugere que se dá por volta de 18 meses.

Opinião

Serra afirmou que a autoridade monetária “não tem, nem deve ter objetivo de dar opinião sobre políticas públicas”, referindo-se ao impacto da PEC dos combustíveis sobre os preços. “Se não for sustentável, o impacto para política monetária não é positivo”, disse. “Na medida que impactar as previsões de inflação, o BC vai ter que reagir com mais ou menos juros”, complementou.

Ele citou que, por exemplo, em energia, teve a crise hídrica e a decisão foi aumentar bandeira para não deixar a conta para o ano seguinte. “Isso beneficiou gestão da política monetária”, frisou.

Na ata do Copom, divulgada nesta terça-feira (08), o BC chama a atenção para o fato de que “políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva”. A ata ainda informou que “incerteza em relação ao futuro do arcabouço fiscal atual resulta em elevação dos prêmios de risco e eleva o risco de desancoragem das expectativas de inflação”.

Foram apresentadas ao Congresso Nacional duas propostas de Emenda à Constituição (PEC) que visam reduzir ou zerar tributos dos combustíveis e energia. Uma das propostas, apresentada pelo senador Carlos Fávaro (PSD-MT)m foi apelidada de “PEC Kamikaze” devido ao impacto na arrecadação que pode superar a marca dos R$ 100 bilhões.

fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2022/02/09/batalha-contra-a-inflacao-nao-esta-ganha-temos-muito-pela-frente-diz-diretor-do-bc.ghtml acessado em 10/02/2022.

 

 

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