Alívio com ômicron leva Ibovespa à 4ª alta

Alívio com ômicron leva Ibovespa à 4ª alta

Otimismo prevaleceu apesar de receio de atraso na tramitação da PEC dos Precatórios na Câmara

Por Gabriel Roca, Marcelo Osakabe e Victor Resente — De São Paulo

O otimismo dos investidores com as indicações de que a variante ômicron pode ser menos letal do que se temia guiou os ativos de risco para mais uma sessão positiva no pregão de ontem. O resultado ocorreu mesmo diante de receios renovados de que a tramitação da PEC dos Precatórios possa atrasar na Câmara.

Após ajustes, o Ibovespa encerrou o pregão com ganhos de 0,65%, aos 107.557,67 pontos, em seu maior patamar de fechamento desde 11 de novembro. Nos últimos quatro dias, a valorização acumulada é de 6,73%.

Os papéis ligados a commodities lideraram os ganhos na sessão. Ajudada por uma alta de 3,22% nos contratos de petróleo futuro tipo Brent e de 8,3% do minério de ferro vendido no porto de Qingdao, na China, as ações ON e PN da Petrobras encerraram com ganhos de 2,77% e 1,63%, respectivamente. Vale ON subiu 0,74%, enquanto Usiminas PNA, Gerdau PN e CSN ON avançaram 0,95%, 1,58% e 1,16%, respectivamente.

Segundo Luiz Fernando Araújo, diretor-executivo da Finacap, a recuperação da bolsa brasileira já havia começado antes da sequência recente, mas a variante ômicron havia atrasado o movimento. Com a leitura de que a nova cepa não deve provocar maiores estragos globalmente, o movimento de alta pode ter sequência.

“Eu não vejo muito espaço para mais desconto na bolsa local. Para a valorização, no entanto, o espaço é enorme. Pelas métricas de preço/lucro, estamos em um dos mercados mais baratos dos últimos nos últimos anos, dados os fundamentos”, afirma.

A visão é semelhante à da equipe de gestão da Quantitas, para a qual há empresas geradoras de caixa e com lucros sólidos negociadas em múltiplos próximos aos da crise de 2015-2016. Além disso, acreditam, considerando o contexto econômico e de preços atual, o início do ano eleitoral não traz uma assimetria negativa para os preços. “Enfim, o fluxo de migração de recursos para renda fixa parece estar ampliando o grau de ineficiência na precificação das ações locais, gerando oportunidades”, concluem.

No mercado de câmbio, o dólar fechou em queda de 1,27%, a R$ 5,6178. “No caso do real, ajuda também a expectativa de alta de juros: 150 pontos-base é um aumento bem considerável”, diz a economista da CM Capital Ariane Benedito. Ela pondera, por outro lado, que houve algum desconforto após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cancelar a sessão do Congresso e insistir no fatiamento da PEC dos Precatórios.

Ao opinar que o fatiamento da matéria não pode ser descartado, Pacheco contraria lideranças da Câmara. Estes avisaram aos senadores que não aceitam votar as alterações feitas pelo Senado sem passar por comissão. Caso isso ocorra, a tramitação poderia ser concluída apenas em fevereiro.

Com as apostas dos agentes centradas nos 150 pontos-base para a decisão do Copom de hoje, o TD Securities nota que os juros no Brasil já estão em um patamar que coloca o real “de volta no escalão superior das moedas emergentes”, se comparadas em carrego ajustado pela volatilidade. “Isto certamente contribuiu para estabilizar o real, mas não é suficiente para garanti-lo, ao menos até que as incertezas políticas e fiscais moderem”, diz o estrategista do banco canadense, Sacha Tihanyi, em relatório. “No entanto, para aqueles com tolerância ao risco, estamos construtivos com o real nos atuais patamares”.

No mercado de juros, a curva voltou a perder inclinação, em linha com o que ocorre com os treasuries americanos. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 11,40% para 11,49%, ao passo que a do DI para janeiro de 2027 recuou de 10,94% para 10,85%.

Para o gestor de renda fixa da Panamby Capital, Ricardo Modé, o desenho invertido da curva de juros é algo natural no momento em que o fim do ciclo de aperto monetário se aproxima. “O mercado acha que a Selic sobe para 12%, 12,5%, faz o efeito na atividade, leva o PIB para baixo e, lá na frente, volta a cair. É um movimento de antecipação de fim de ciclo”, diz.

Se há bastante convergência quanto ao ajuste da Selic, ainda resta dispersão sobre qual será o tom da comunicação do colegiado amanhã, no momento em que a atividade está estagnada e as expectativas de inflação continuam em alta firme.

“Julgamos que o comitê optará por explicitar que é ótimo, do ponto de vista intertemporal, ajustar o horizonte relevante e, dessa maneira, manter o compromisso tanto com a meta da inflação quanto com a taxa de desemprego”, avalia o economista-chefe do banco Fibra, Cristiano Oliveira, em relatório. Para ele, o Copom deve surpreender parcela do mercado ao não se comprometer com outra alta de 150 pontos-base em fevereiro.

fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2021/12/08/alivio-com-omicron-leva-ibovespa-a-4a-alta.ghtml acessado em 08/12/2021.

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