Atividade econômica ganhou fôlego no 4º trimestre, apontam indicadores

Confiança empresarial e faturamento da indústria são alguns dos dados que demonstraram melhora

Por Arícia Martins

Dados referentes ao quarto trimestre divulgados ontem reforçam a percepção de que a economia ganhou fôlego no período, avaliam especialistas, e de forma mais disseminada entre os setores. O Índice de Confiança Empresarial (ICE), da Fundação Getulio Vargas, da (FGV), cresceu um ponto entre outubro e novembro, para 95,4 pontos, com alta em três dos quatro componentes do indicador. A maior expansão, de 1,7 ponto, ocorreu na indústria de transformação.

A pesquisa Indicadores Industriais, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que o faturamento do setor avançou 1,3% de setembro para outubro, feitos os ajustes sazonais, a quinta alta mensal seguida.

Por fim, o Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria também ficou maior entre outubro e novembro, ao passar de 52,2 para 52,9 pontos, segunda maior expansão em nove meses, segundo a IHS Markit. No penúltimo mês do ano, destaca a Markit, houve aumento na demanda doméstica, que impulsionou as compras de insumos industriais e o número de novos negócios.

A reação mais espalhada da confiança das empresas no fim do ano é um dos elementos que confirmam quadro mais positivo para a economia, com reação mais disseminada entre os setores, avalia André Muller, economista da AZ Quest. “Nossa expectativa de recuperação tem ganhado força”, disse.

De acordo com Muller, o quarto trimestre tem mostrado predominância de fatores positivos para a atividade, como o desempenho da renda. A massa salarial real avançou 2,6% nos três meses terminados em outubro, em relação a igual período de 2018, segundo o IBGE.

A liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é outro estímulo que deve reforçar o consumo neste fim de ano, acrescenta Muller, embora de forma pontual.

Mas também há fatores mais estruturais que desenham um cenário mais favorável para o comércio, como a redução dos juros e a reação das concessões de crédito.

Do lado dos investimentos, a diminuição das incertezas é um fator que deve ajudar a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), acrescenta Muller. Na indústria, os dados mais recentes que antecedem o comportamento da produção apontaram crescimento, disse. “Inicialmente, a recuperação foi mais concentrada em alguns setores, mas, ao longo do tempo, ela foi se espalhando.”

Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra, também aponta que a retomada está mais disseminada, mas ainda tem dúvidas quanto a uma recuperação mais consistente da FBCF.

“A volta do investimento ainda depende da redução do grau de incertezas, e elas não vêm apenas do lado doméstico”, ponderou.

Do lado positivo, Oliveira menciona as concessões de crédito para pessoa física e a melhora do mercado de trabalho. “Esse quadro já gera um início de ano favorável. Há algum tempo não vemos um começo de ano tão promissor como o de 2020.”

Como a política monetária tem defasagem para afetar a atividade, o desempenho positivo observado agora é reflexo da queda anterior da Selic, de 14,25% para 6,5% ao ano, avalia.Em 2020, a aceleração prevista será causada pela continuidade do ciclo de afrouxamento monetário, afirma ele.

Oliveira cita a construção civil como outro setor que tem dado sinais de melhora. Na passagem de outubro para novembro, a confiança da construção cresceu 1,5 ponto, segundo indicador da FGV. “Esse movimento vai contribuir com contratação de mão de obra”, diz Oliveira, que trabalha com alta de 2,5% para o PIB em 2020. No último trimestre de 2019, a expansão deve ser de ao menos 0,8% sobre os três meses anteriores.

Se os dados de massa salarial e concessões de crédito continuarem melhorando após o quarto trimestre – que vai concentrar o impacto positivo das liberações do FGTS – os economistas vão ganhar confiança de que a atividade vai seguir reagindo, mesmo sem o estímulo pontual dos saques, diz Muller, da AZ Quest.

Fonte: https://Valor.globo.com/

Link: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2019/12/03/atividade-economica-ganhou-folego-no-4o-trimestre-apontam-indicadores.ghtml. Acessado em: 03 Dezembro 2019, 08:01:02.