Bolsa cai 0,49% mesmo em dia positivo no exterior e dólar fica estável em R$ 5,38

Bolsa cai 0,49% mesmo em dia positivo no exterior e dólar fica estável em R$ 5,38

O noticiário interno conturbado, com temores pelo cenário fiscal e pelal crise institucional, pesou novamente no mercado de renda variável

Por Stephanie Tondo, Vitor da Costa e agências internacionais

Mesmo com um ambiente externo mais favorável, a Bolsa brasileira não conseguiu se manter no terreno positivo nesta segunda-feira. O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o pregão em queda de 0,49%, aos 117.471 pontos. O noticiário interno conturbado, com temores pelo cenário fiscal e pelal crise institucional, pesou novamente no mercado de renda variável.

O dólar comercial até chegou a abrir o dia com baixa ante o real, mas o movimento perdeu força no início da tarde. A moeda fechou em estabilidade, cotada a R$ 5,3802.

— Tivemos mais um dia bastante volátil, chegando a cair quase 1% na mínima, enquanto algumas bolsas americanas negociaram próximas das máximas históricas. Por aqui, toda a incerteza permanece, com o pedido de impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes, as expectativas de manifestações no dia 7 de Setembro, e cada vez mais o diálogo fica distante, e o risco-Brasil cada vez mais relevante — aponta Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

Após o fechamento do pregão de sexta-feira, ocorreu um novo episódio na série de confrontos entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF), com a entrega de um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Morais.

O ato foi repudiado por autoridades do Judiciário e de diversos partidos políticos.

Com os recentes e constantes conflitos entre Bolsonaro e membros dos outros Poderes, há o receio de que a agenda de aprovação de reformas possa sofrer com novos obstáculos durante a tramitação.

Na semana, há expectativa pela votação da reforma do imposto de renda (IR), após dois adiamentos, e pela apresentação do parecer da reforma administrativa.

No cenário externo, o destaque vai para o simpósio do Federal Reserve, Banco Central americano, em Jackson Hole, que deve começar na quinta-feira e será realizado de forma virtual.

Durante o encontro, os agentes de mercado irão buscar novas sinalizações sobre como a autoridade monetária planeja reduzir a compra de títulos e em que momento isso será realizado.

A ata da última reunião de política monetária do banco indicou que a retirada pode ocorrer ainda este ano.

‘Antecipação das eleições’

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira que está havendo antecipação das eleições presidenciais e que o movimento está afetando as expectativas de mercado, mas avaliou que os fundamentos econômicos do Brasil estão melhorando e que as instituições do país são sólidas.

— Essa antecipação das eleições naturalmente prejudica, causa muito barulho, mas eu reafirmo a nossa confiança nas instituições, na Presidência da República, no Supremo, no Senado, na Câmara dos Deputados — disse ele, ao participar de congresso promovido pela Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI).

O ministro também avaliou que não há fundamento em dizer que o Brasil está perdendo o controle do ponto de vista estritamente econômico. E repetiu que a perspectiva no ano que vem é de um déficit primário de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), ante déficit de 1,7% este ano.

Petrobras sobe, com alta do petróleo

O dia foi positivo para a Petrobras, com a alta do preço do barril do petróleo. As ações ordinárias da companhia (PETR3, com direito a voto) subiram 3,35%, enquanto as preferenciais (PETR4, sem direito a voto) tiveram alta de 1,58%.

O contrato para outubro do Brent, principal referência para o preço do petróleo no mercado internacional, subiu 5,23%, negociado a US$ 68,59, o barril.

Já o contrato para outubro do WTI avançou 5,38%, cotado a US$ 65,48, o barril. A alta expressiva ocorre após a commodity ter registrado a sua pior semana desde outubro de 2020 e com a expectativa de recuperação na demanda pela China.

As ordinárias da Vale (VALE3) cederam 1,38%. O minério de ferro com teor de 62% caiu 2,7% nesta segunda-feira, para US$ 136,71 por tonelada. Em agosto, a desvalorização já chega a 24,7%.

As ordinárias da Siderúrgica Nacional (CSNA3) fecharam em queda de 0,84% e as preferenciais da Usiminas (USIM5), 1,41%.

A Embraer (EMBR3) liderou as altas do dia, fechando em valorização de 5,28%.

Em seguida, vem a empresa de turismo CVC (CVCB3), com alta de 4,39%. Na sexta-feira, a agência de classificação de risco S&P elevou a nota de recomendação da CVC após a operadora de turismo concluir um aumento de capital de cerca de R$ 453,7 milhões.

Boletim Focus: corte no PIB e inflação mais alta

As previsões do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) voltaram a cair tanto para este quanto para o próximo ano. É o que mostra o Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central (BC) com as expectativas dos agentes financeiros. Ao final de 2021, a previsão passou para 5,27% ante os 5,28% do último relatório. E ao término de 2022, caiu de 2,04% para 2%.

Com relação à inflação, a revisão foi para cima. A estimativa é que o IPCA chegue a 7,11% ao final deste ano ante os 7,05% do relatório anterior. O número é bem superior ao teto da meta do governo, que é de 5,25%.

Para 2022, também houve avanço de 3,90% para 3,93%.

As perspectivas para a taxa básica de juros mantiveram-se inalteradas em 7,50% tanto para o fim deste ano quanto para o próximo.

Bolsas no exterior

O mercado fechou em alta no exterior, tanto nos Estados Unidos e na Europa, quanto na Ásia.

Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,61% e, o S&P 500, 0,85%. Em Nasdaq, a alta foi de 1,55%.

Na Europa, a Bolsa de Londres subiu 0,50% e a de Frankfurt, 0,28%. A Bolsa de Paris avançou 0,86%.

O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 1,78%. Em Hong Kong, houve alta de 1,05% e, na China, de 1,45%.

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