Crédito a pequena empresa dobrou na pandemia

Crédito a pequena empresa dobrou na pandemia

Expansão acumulada da carteira de MPEs em 2020 2 2021 chegou a 94,7%, para R$ 363,9 bilhões, aponta estudo da Febraban

Por Álvaro Campos

O crédito a pessoa jurídica entre os anos de 2020 e 2021 teve como um dos seus destaques o crescimento do saldo de operações destinadas às micro e pequenas empresas (MPEs). A expansão acumulada da carteira chegou a 94,7% no período, para R$ 363,9 bilhões. É o que revela um levantamento feito pela Diretoria de Economia da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), obtido pelo Valor.

A expansão do crédito em 2020/2021 foi mais forte entre as pequenas companhias, com alta de 103,1%, e chegando a R$ 265,6 bilhões. Nas micro empresas, em que as operações têm tíquetes menores, houve expansão de 74,9%, para R$ 98,3 bilhões.

“Os números desse estudo desfazem, por completo, o que muitos alardeavam no sentido de que o crédito não chegava na ponta para micro e pequenas empresas e reforçam o importante papel de suporte do setor bancário a esse segmento, setor fundamental de nossa economia”, afirma em nota o presidente da Febraban, Isaac Sidney.

O crédito geral para pessoa jurídica teve expansão de 34,6% na pandemia, enquanto para pessoa física o saldo avançou 35,2%. O crédito bancário para grandes empresas cresceu bem menos, com muitas delas acessando os mercados de capitais, e o que puxa a média final de PJ para baixo. O crédito total no Brasil subiu 35,0% nesse período.

De acordo com o estudo, o crédito destinado para as micro e pequenas empresas (MPEs) ganhou participação na carteira total de pessoa jurídica, saindo de 13,2% em 2019 para 19,7% em 2021. O desempenho do crédito para as companhias desse segmento registrou sua maior expansão em 2020 (+77%), quando os empreendedores buscaram, com maior intensidade, capital de giro e se beneficiaram dos programas governamentais, como Pronampe, Peac e Fampe. Em 2021, o crescimento foi de 10%. Os dados disponíveis no estudo sobre 2021 vão até o mês de setembro do ano passado.

Entre os maiores bancos do país, a carteira destinada às MPEs avançou 8,9 pontos percentuais, passando a representar 23,3% de todo o crédito destinado às pessoas jurídicas. O segmento S1, classificação do Banco Central que engloba as grandes instituições financeiras, representa quase 70% de todo o crédito destinado às MPEs, com uma carteira de aproximadamente R$ 250 bilhões no fim de 2021.

Analisando por tipo de controle, o estudo revelou que o crescimento do crédito para as MPEs foi liderado pelos bancos privados nacionais, cuja carteira cresceu 116,3% no acumulado do período de 2020 a 2021. Nos bancos públicos, a expansão foi de 92,8%. E nos privados estrangeiros, de 50,7%.

Assim, a carteira MPE representava 25,1% da carteira PJ total dos bancos privados locais. Nos bancos públicos, essa fatia era de 14,2%. E nos privados estrangeiros, de 19,8%. Isso aconteceu mesmo com instituições como Caixa e BNDES centrando esforços na concessão de recursos para micro e pequenas empresas e não mais para grandes companhias.

“Avaliando a contribuição de cada tipo de controle, ou seja, ponderando a expansão da carteira de crédito com seu tamanho, também fica destacada a liderança dos bancos privados nacionais, que contribuíram com quase 60% para o crescimento do crédito para as MPEs nos anos de 2020 e 21”, diz o estudo.

Quando a análise inclui as empresas médias e o recorte passa a ser o das MPMEs (micro, pequenas e médias empresas), o crescimento atingiu 69,7% em 2020/21, para R$ 836,1 bilhões. No fim de 2019, a carteira representava 37,4% do total. No fim de 2021, tinha participação de 42,9% no crédito PJ.

Na semana passada, a Câmara aprovou a proposta que prorroga até o fim de 2024 a utilização de recursos emergenciais para alavancar empréstimos do Pronampe. Por causa de alterações feitas pelos deputados, o texto retorna agora para nova análise do Senado Federal.

Além disso, há semanas o governo promete lançar um pacote de crédito de R$ 100 bilhões, que envolve também a prorrogação do Pronampe. Porém, uma ala técnica da Casa Civil enxerga nas medidas a concessão de novos benefícios em ano de eleições gerais, o que é proibido pela legislação eleitoral.

A rigor, o dinheiro que retornasse dos financiamentos contratados em 2020 e 2021 deveria ir diretamente para o Tesouro Nacional, mas a proposta é que ele volte para os fundos de garantia de crédito até 31 de dezembro do ano que vem. Esses recursos seriam suficientes para lastrear até R$ 100 bilhões em novas operações de crédito. A alavancagem é de oito vezes o valor da garantia. Só o fundo de aval do Sebrae, com R$ 1,5 bilhão, é suficiente para gerar cerca de R$ 12 bilhões em crédito.

fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2022/04/18/credito-a-pequena-empresa-dobrou-na-pandemia.ghtml acessado em 18/04/2022.

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