Desemprego fica estável em 11,8%, mas ainda atinge 12,5 milhões de pessoas
Informalidade renova recorde no terceiro trimestre de 2019, com 38,8 milhões de brasileiros nessas condições
Por Pedro Capetti
A taxa de desemprego no Brasil ficou estável no país, segundo dados da pesquisa Pnad Contínua , divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE . A taxa no trimestre encerrado em setembro ficou em 11,8%, atingindo 12,5 milhões de pessoas. O índice é o mesmo registrado nos três meses anteriores terminados em agosto e em julho.
A despeito da estabilidade registrada, os números divulgados apontam para uma melhoria no mercado de trabalho. Se comparado ao mesmo período do ano passado, houve aumento de 1,5 milhão de pessoas ocupadas no período, assim como crescimento da força de trabalho (1,5 milhão). Isso significa que mais pessoas estão procurando emprego, disponíveis para trabalhar.
O resultado do terceiro trimestre foi influenciado pelo aumento do trabalho informal (3,4%) ou por conta própria (2,9%). São 38,8 milhões nessa situação entre os mais de 98,8 milhões de pessoas empregadas. Segundo o IBGE, 41,4% da população ocupada é informal. Já o número de trabalhadores com carteira assinada se manteve em 33,1 milhões, estável em relação ao período passado.
O aumento da informalidade, cujas vagas são associadas à baixa remuneração, fez com que o rendimento médio do trabalhador ficasse estável no período, em R$ 2.298, assim como a massa de rendimento.
— Você está começando a ter uma reposição quantitativa de ocupados. No entanto, em termos de forma de inserção do mercado, de fato está longe de ter vagas com criação com carteira, aumento da contribuição previdenciária e outros aumentos que isso pode ter para o mercado — afirma Adriana Beringuy, analista do IBGE.
Para Maria Andreia Parente Lameiras, técnica do Ipea, o resultado aponta uma melhoria do mercado de trabalho, com aumento da população ocupada e aumento da força de trabalho, com mais pessoas procurando emprego ou empreendendo, com entrada por meio da informalidade.
— A economia está melhorando, ainda que não seja na velocidade que a gente espera e gostaria, está gerando novas oportunidades e ânimo. Estamos trazendo de volta (a força de trabalho) um trabalhador que estava desalentado por conta de uma recessão profunda — afirma.
O economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria, destaca que pela primeira vez desde novembro de 2014, a taxa composta da subutilização da força de trabalho, que agrega os desempregados, os subocupados por insuficiência de horas e os que fazem parte da força de trabalho potencial, apresentou queda na comparação anual. São 27,4 milhões nessa situação, -0,1% a menos que em 2018.
— Desde 2017 fala-se em melhora do mercado de trabalho, mas a taxa só caiu em setembro de 2019. É uma melhora, de uma forma mais ampla, pois contempla quem está na fila do emprego e quem está em casa, querendo trabalhar, mas mostra o quanto a dinâmica do emprego está lenta — ressalta.
O número de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas (pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana – considerando todas as suas atividades – e estão disponíveis para atuar por mais tempo, mas não encontram serviço caiu pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2018. São 311 mil pessoas a menos, se comparado ao trimestre anterior.
— Não víamos esse movimento de queda desde o primeiro trimestre de 2018. Não sabemos se isso é uma inflexão, ou apenas uma queda eventual, sem iniciar uma tendência de queda — disse Adriana.
Entre as categorias dos empregadores, somente a Construção Civil apresentou elevação no número de trabalhadores ocupados, na comparação com trimestre encerrado em junho. São mais 254 mil trabalhadores nesse setor, que já vem registrando resultados positivos no Caged. Os demais setores não registraram aumento estatisticamente relevante, segundo o IBGE.
— O que está puxando a construção não são grandes obras, mas pequenas edificações, obra de reparo. Os trabalhadores que estão por trás são os trabalhadores elementares, como pedreiro, pintores. Esse vínculo da construção é por conta do emprego — destaca Adriana.
Reforma tributária : 1.958 horas por ano para pagar impostos
O movimento do emprego aponta para a recuperação da sazonalidade do mercado de trabalho, após trimestres seguidos de aumento da população desocupada. No entanto, esse movimento ainda não é suficiente para repor o movimento do mercado de trabalho registrado em 2013, quando a população desocupada registrada pelo IBGE foi de seis milhões de pessoas:
— Apesar da desocupação estar caindo, estamos ainda com o dobro de desocupados do mínimo registrado, em 2013. Não temos como precisar quantos trimestres serão necessários para retomar a esse patamar. O que vemos é que estamos numa trajetória de queda — ressalta.
A Pnad analisa tanto o mercado formal quanto o informal. Essa melhora nos números já havia sido captada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na última semana pelo governo, que apontou o melhor resultado para o mês desde 2013.
Com o aumento da informalidade, a taxa da população que contribui para o INSS caiu por mais um mês consecutivo, se aproximando da mínima registrada no início de 2012. No trimestre encerrado em setembro, 62,3% dos trabalhadores afirmaram estar contribuindo com o sistema de seguridade social. Em número absolutos, são 58,4 milhões de brasileiros.
Os números do emprego
27,4 milhões de subutilizados
A conta considera os trabalhadores desempregados, subocupados e a força de trabalho potencial. A redução de -0,1% se comparado ao mesmo trimestre do ano passado. É a primeira queda na comparação anual desde novembro de 2014
12,5 milhões de desempregados
São os brasileiros que buscaram uma vaga na semana da pesquisa do IBGE, mas não encontraram.
7,0 milhões de subocupados por insuficiência de horas
Aqueles que trabalharam menos de 40 horas semanais e gostariam de ter uma jornada maior
7,8 milhões na força potencial
Considera quem procurou uma vaga,mas,por algum motivo, como cuidado com um parente,não estava disponível para trabalhar; e quem não procurou,mas estava disponível, considerando os desalentados.
Fonte: https://oglobo.globo.com/
Link: https://oglobo.globo.com/economia/desemprego-fica-estavel-em-118-mas-ainda-atinge-125-milhoes-de-pessoas-1-24052274. Acessado em: 31 Outubro 2019, 09:09:01.