Dólar fecha em queda, a R$ 4,14; Bolsa renova recorde e chega aos 111 mil pontos
Negociações comerciais entre China e Estados Unidos e dados de emprego na economia americana animam o mercado
Por Gabriel Martins
A agenda externa, que penalizou o câmbio nas últimas semanas, agora contribui positivamente para o comportamento do dólar frente ao real. A moeda americana caiu 0,98%, valendo R$ 4,146, o menor patamar desde 11 de novembro, quando a moeda encerrou a sessão a R$ 4,142. No acumulado da semana, o dólar registrou queda de 2,3%. O Ibovespa, por sua vez, sustentou a tendência de alta. O principal índice da Bolsa de São Paulo avançou 0,46%, aos 111.125 pontos, o recorde de fechamento para o índice.
Mais cedo, o Ibovespa alcançou os 111.429. Na semana, a Bolsa brasileira acumulou alta de 2,6%.
Nesta sexta, a China informou que vai abrir mão de tarifas sobre alguns embarques de soja e carne suína dos Estados Unidos. Esta sinalização é vista com entusiasmo pelos investidores. Além disso, a economia americana criou 226 mil empregos em novembro, patamar que superou a projeção do mercado.
A possibilidade de um acordo entre as duas maiores potências econômicas, que vivem uma guerra comercial desde janeiro de 2018, influencia positivamente no mercado acionário também.
As isenções de tarifas por parte de Pequim foram baseadas em pedidos de empresas individuais para importações de soja e carne suína dos EUA, disse o Ministério das Finanças da China em comunicado, citando uma decisão do gabinete do país. Ele não especificou as quantidades envolvidas.
— Desde o meio desta semana temos observado declarações e dados mais positivos de forma generalizada. Hoje, o destaque que ajuda a melhorar o mercado é a decisão da China de isentar algumas tarifas de produtos americanos — avalia Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Glauco Legat, analista-chefe da corretora Necton, destaca que a guerra comercial ainda é um tema que envolve muito ruído e especulações. Entretanto, pondera que a fase do acirramento dos conflitos entre Pequim e Washington dá sinais de que ficou no passado:
— Aparentemente, a fase de escalada da guerra comercial ficou para trás. Hoje, temos notícias que dão um tom positivo par ao mercado, e isso influencia os ativos positivamente de forma generalizada.
Ainda no cenário externo, os números do mercado de trabalho dos Estados Unidos surpreenderam positivamente o mercado. Na manhã desta sexta foram divulgados os dados do payroll (relatório mensal de emprego dos EUA), e o país criou 266 mil vagas em novembro, frente à estimativa de criação de 183 mil postos, de acordo com sondagem da agência Bloomberg.
— Os números do mercado de trabalho americano vindo bem acima da projeção do mercado eliminam, por ora, temres de uma desaceleração da atividade econômica global. Esta alta acima do esperado indica uma robustez na economia do país — indica Beyruti.
O mercado de trabalho nos EUA registrou o maior aumento em mais de dez meses em novembro, com ex-grevistas voltando à folha de pagamentos da General Motors e o setor de saúde intensificando as contratações.
— Primeiro foi a sinalização chinesa de redução de tarifas, retirando um pouco das tensões comerciais do mercado. Depois vieram os dados sobre mercado de trabalho nos EUA. Soma-se a isso os recentes, e bons, resultados da economia brasileira. Estes fatores explicam o comportamento do mercado nesta sexta, com Bolsa em alta e dólar caindo — diz Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H. Commcor.
Destaques da Bolsa
No último pregão da semana, as ações da Eletrobras contribuíram para manter o Ibovespa em patamares positivos. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da estatal subiram 0,48%. O que influenciou esta alta foi a declaração de Gustavo Montezano, presidente do BNDES, de que a privatização da Eletrobras será a prioridade do banco assim que o Congresso aprovar o projeto de venda.
O pregão foi positivo para outra estatal, a Petrobras. As ações ON e PN (preferenciais, com direito a voto) subiram, respectivamente, 0,66% e 1%. Além dos bons números e expectativas sobre a economia brasileira, a alta do petróleo no mercado internacional contribui para este cenário. O barril do tipo Brent teve valorização de 1,5%, valendo US$ 64,34.
As notícias sobre a isenção das tarifas chinesas sobre alguns produtos americanos também beneficiou a Vale, cujas ações avançaram 0,79%. Por ser uma exportadora de commodities (minério de ferro), um ambiente externo menos conturbado é favorável para a empresa.
No lado dos frigoríficos, as ações da JBS caíram 0,36% na esteira da nota divulgada pela “Folha de S. Paulo” de que a empresa planeja transferir sua sede para para a Europa, em Luxemburgo ou Holanda. BRF e Marfrig subiram, respectivamente, 1,65% e 0,27%.
Analistas ponderam que a queda da JBS, aparentemente, é pontual, refletindo o noticiário. Eles destacam que o setor não deve ser muito impactado pela mudança, uma vez que a demanda internacional por proteína animal aumentou significativamente.
Fonte: https://oglobo.globo.com/
Link: https://oglobo.globo.com/economia/dolar-fecha-em-queda-r-414-bolsa-renova-recorde-chega-aos-111-mil-pontos-24122112. Acessado em: 06 Dezembro 2019, 11:00:22.