Nova nota de R$ 200 é apresentada pelo BC e já está em circulação.

Nova nota de R$ 200 é apresentada pelo BC e já está em circulação.

Nova cédula é de cor cinza e sépia e tem o lobo-guará na estampa

Por Gabriel Shinohara

Pouco mais de um mês depois de anunciar que o país passaria a contar com uma nota de R$ 200, o Banco Central acabou ontem com o suspense e apresentou a nova cédula do real. A mais valiosa a entrar na carteira do brasileiro é impressa nas cortes cinza e sépia e traz o lobo-guará na estampa.

O animal ficou em terceiro lugar numa em uma lista de bichos escolhidos pela população para ilustrar as notas do real a partir de uma pesquisa feita pelo BC em 2001, durante o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Os primeiros colocados ganharam notoriedade em cédulas de valor mais modesto: à tartaruga marinha coube a nota de R$ 2, que não paga hoje nem mais uma passagem de ônibus; e ao mico-leão-dourado a de R$ 20.

Com o plano de criar a nota de R$ 200, o BC recrutou o terceiro colocado. Em termos de tamanho, lobo-guará e mico-leãodourado estão empatados, pois as duas notas têm a mesma dimensão.

Para carregar com tranquilidade a nota que chegará aos poucos nas mãos dos brasileiros e que tem tiragem inicial de 450 milhões de unidades, basta conferir elementos de segurança como a marca d’água e o alto relevo, já presentes em outras cédulas do real.

Na face, é visível o alto-relevo no valor e nas extremidades. Do outro lado, onde aparece o lobo-guará, há elementos em destaque, como o animal, o valor de R$ 200 e o escrito “Banco Central do Brasil”.

A tiragem de 450 milhões de cédulas equivale a R$ 90 bilhões. As notas já estão em circulação e deverão chegar às mãos da população aos poucos. A nota é a sétima da família do real e a de maior valor, após a de R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100.

Demanda por papel-moeda

O lobo-guará pode ter sido o vencedor do concurso, mas o BC acabou cedendo ao apelo das redes sociais. Desde que a cédula foi anunciada, memes apontaram candidatos ao posto. O vira-lata caramelo acabou eleito como o preferido no gosto popular.

Ele não desbancou o lobo, mas se tornou um convidado especial: é o “garoto-propaganda” do primeiro anúncio sobre a cédula. O cachorro aparece no fim do vídeo, que enfatiza os elementos de segurança.

O primeiro a receber a nova cédula foi Athos Camargo, bombeiro militar reformado e colecionador de cédulas. Ele esperou quase três horas na fila na sede do BC em Brasília. Além de pegar a “número 1”, ele juntou cédulas para enviar a amigos em outras cidades, que poderiam demorar mais a receber a nova nota.

O custo de aquisição das novas cédulas é de R$ 146 milhões.

O pano de fundo do lançamento da nota de R$ 200 é a necessidade de suprir a demanda da população por papelmoeda, que subiu bastante durante a pandemia. Dois fatores contribuíram: o chamado entesouramento, quando as pessoas sacam dinheiro vivo para formar reserva em casa, e o aumento da demanda por papel-moeda para pagar o auxílio emergencial.

Gustavo Franco: O lobo concursado

No início do ano, a projeção era de que R$ 301 bilhões circulassem na economia, mas o número foi revisado pelo BC para R$ 342 bilhões por causa da pandemia e as medidas de transferência de renda adotadas pelo governo.

— O BC tem atuado durante todos esses meses, e tem conseguido fornecer cédulas e moedas de modo a atender às necessidades da sociedade de forma adequada. Como estamos vivendo um momento sem precedentes na História, não há como prever se essa demanda por dinheiro em espécie continuará aumentando, e por quanto tempo — disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Considerada uma raridade atualmente, a nota de R$ 1 circulou do lançamento do Plano Real, em 1994, até 2005. O animal retratado é o beija-flor

A cédula de R$ 2 foi lançada em 2001, ainda na primeira família de cédulas do Real. O animal retratado é a tartaruga-marinha. 

As cédulas de R$ 5 e de R$ 2 foram impressas até o lançamento da segunda família de cédulas do real, em 2013. O animal retratado é a garça.

A nota de R$ 10 circulou entre 1994 e 2002. O animal retratado é a arara.

Nota de R$ 10 de plástico foi lançada em 2000 para comemorar os 500 anos da chegada dos portugueses à costa brasileira.

A nota de R$ 20 foi lançada em 2002 e foi impressa por 10 anos. O animal retratado é o mico-leão dourado.

As notas de R$ 50 e de R$ 100 foram as primeiras a serem substituídas pela nova família de cédulas do Banco Central, em 2010. O animal retratado é a onça-pintada.

Todas as cédulas da primeira família do real eram impressas do mesmo tamanho. O animal retratado é a garoupa.

A nova família foi lançada em 2013, inspirada no euro. Cada nota tem um tamanho diferente, de acordo com o valor que representa, entre outros detalhes que tornaram as notas mais acessíveis. O animal retratado é a tartaruga-marinha.

Impressas desde 2013, as notas de R$ 5 e de R$ 2 foram as últimas da segunda família a entrarem em circulação. O animal retratado é a garça.

As cores e os animais da fauna brasileiras foram mantidos em todas as cédulas. O animal retratado é a arara.

As notas de R$ 20 e a de R$ 10 entraram em circulação em 2012. O animal retratado é o mico-leão dourado.

As notas de R$ 50 foram as primeiras da segunda família de cédulas a entrarem em circulação, junto com as de R$ 100. O animal retratado é a onça-pintada.

As notas R$ 100 foram lançadas junto com as de R$ 50 na segunda família de cédulas de real a entrarem em circulação. O animal retratado é a garoupa.

Lançada nesta quarta-feira, a nova cédula de R$ 200 traz a imagem do lobo-guará. O animal foi escolhido com base em uma pesquisa feita com a população em 2001, pelo próprio BC.

A nota, que já começa a circular imediatamente, é a sétima da família do Real e a de maior valor, após a de R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100 e ignora a acessibilidade na relação entre tamanho e valor, pois é fisicamente menor que a de R$ 20.

De acordo com a diretora de Administração do BC, Carolina de Assis Barros, a autoridade monetária calculava uma necessidade adicional de R$ 105,9 bilhões que precisava ser gerada no espaço de cinco meses. A diretora argumentou que a única maneira de atender a essa necessidade seria com uma nota de valor maior.

— O BC precisava agir preventivamente e com responsabilidade. Diversos cenários de estresse foram modelados pela equipe econômica do BC, e ficou claro que, se nenhuma medida incisiva fosse tomada, poderíamos sim ter falta de numerário. É dever do BC atuar para que isso não aconteça — disse.

A primeira moeda do Brasil foi o réis, implementada desde a colonização do país. A segunda moeda oficial foi introduzida apenas em na década de 40 do século XX. Em 1º de novembro de 1942 entrou em circulação o cruzeiro, que vigorou até 12 de fevereiro de 1967.

O cruzeiro novo foi lançado em 13 de fevereiro de 1967, como um padrão de caráter temporário, para vigorar durante o tempo necessário ao preparo das novas cédulas e à adaptação da sociedade ao corte de três zeros. Não houve a impressão de novas cédulas, o cruzeiro novo utilizou as notas do padrão anterior (cruzeiro), carimbadas com os novos valores. A cédula de NCr$ 1 homenageava Pedro Álvares Cabral. O cruzeiro novo durou até 14 de maio de 1970.

Em 15 de maio de 1970, a moeda brasileira voltou a ser o cruzeiro. O valor mais baixo era de Cr$ 1, homenageando a República. A cédula de valor mais alto era a de Cr$ 100 mil, que estampava a efígie do ex-presidente Juscelino Kubitschek. A moeda ficou em circulação até 27 de fevereiro de 1986.

Em 28 de fevereiro de 1986, os brasileiros precisaram atualizar a carteira: entrava em circulação o cruzado. As cédulas tinham valores que iam a até Cz$ 10 mil. Na nota de Cz$ 1 mil foi estampado a efígie do escritor Machado de Assis. O cruzado durou até 15 de janeiro de 1989.

Em 16 de janeiro de 1989, passava a circular o cruzado novo. Parte das notas do cruzado foi carimbada com a nova cotação. A moeda perdeu três zeros e vigorou até 15 de março de 1990. Na nota de NCz$ 50, criada com a mudança de moeda, a homenagem era ao poeta Carlos Drummond de Andrade.

Após quatro anos de sua substituição, o cruzeiro voltou a circular no Brasil em 16 de março de 1990. Em um período de dificuldade econômica no país e de inflação disparada, a cédula mais alta do período foi a de Cr$ 500 mil, estampando o poeta Mário de Andrade. A volta do cruzeiro durou até 31 de julho de 1993.

O cruzeiro real substituiu o cruzeiro, que foi ressuscitado três anos antes. As cédulas ficaram em circulação por um curto espaço de tempo, de 1º de agosto de 1993 a 30 de junho de 1994. Algumas notas não homenageavam uma personalidade, mas, sim, grupos de brasileiros. A cédula de CR$ 50 mil estampava uma baiana.

Há 25 anos, em 1º de julho de 1994, o Brasil passou por uma nova alteração de moeda, a mais duradoura desde a transição do réis para o cruzeiro. Entrava em circulação o real. A cédula estampava a Efígie Simbólica da República, na frente, e animais da fauna brasileira, como o mico-leão-dourado e a onça pintada, no verso.

Segurança

A nova cédula vai contar com elementos de segurança que já estão presentes em notas de outros valores, como a marcad’água que aparece se colocada a luz, e áreas com alto-relevo.

No caso da face em que está a efígie da República, há um altorelevo no valor e nas extremidades, em cima das ilustrações da lobeira, à esquerda, e de plantas típicas do cerrado, à direita.

— O Banco Central possui o mote para trabalhar os elementos de segurança das cédulas: veja, sinta e descubra. É tudo o que a gente precisa fazer para explorar os elementos de segurança presentes numa célula, a gente vai explorar a cédula com a visão, com o tato e com a nossa curiosidade, — disse a diretora de Administração.

Do outro lado da cédula, onde está o lobo-guará, também existem elementos em alto-relevo, como o escrito “Banco Central do Brasil”, o próprio animal e o valor de R$ 200 que está em destaque.

A cédula terá o mesmo tamanho da nota de R$ 20 porque não haveria tempo hábil para mudar a estrutura já existente na Casa da Moeda para fazer uma cédula maior. A família de cédulas obedecia uma ordem de tamanho, com a de R$ 2 sendo a menor e a de R$ 100 a maior.

— Por ser uma alta denominação, nós escolhemos um conjunto de elementos de segurança bem robusto sendo que um desses elementos é típico da máquina que produz o R$ 20, o número que muda de cor. Nós escolhemos esse elemento porque ele possui facilidade de compreensão por parte do grande público.

Polêmicas

No anúncio da nova cédula, que aconteceu no fim de julho, algumas questões foram levantadas, como o receio do impacto de uma cédula em um valor maior na inflação. Essa ideia foi descartada por Carolina de Assis Barros, que ressaltou que não há ligação entre uma coisa e outra.

— O fato de estarmos lançando essa nova cédula é tão somente para que a gente consiga honrar todas as necessidades de saque por parte da população. O Banco Central não podia pagar para ver. Se tinha demanda da população por papel moeda, é papel do BC atender. Isso não tem relação com inflação. A inflação no nosso país segue baixa, segue estável.

Outro ponto levantado com o anúncio foi o de que uma nota de valor maior poderia facilitar crimes financeiros, como a lavagem de dinheiro. Essa questão foi levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Rede, PDT e pelo Podemos.

Além do argumento de uma possível facilitação da lavagem de dinheiro, os partidos afirmaram que a criação da nova moeda violava os motivos de motivação e eficiência dos atos administrativos.

O Banco Central nega ambos os argumentos. Em resposta ao STF, o BC ressaltou que a nota de R$ 200 foi a melhor solução encontrada para atender a demanda da população e vê ligação nula entre uma nota de valor maior e a facilitação de lavagem de dinheiro. 

Fonte: https://www.oglobo.globo.com/

Link: https://oglobo.globo.com/economia/nova-nota-de-200-apresentada-pelo-bc-ja-esta-em-circulacao-veja-foto-1-24619783 Acessado em: 03 Setembro 2020, 08:25:01.

 

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