PIB veio ‘um pouquinho’ mais fraco do que o mercado esperava, diz presidente do BC

PIB veio ‘um pouquinho’ mais fraco do que o mercado esperava, diz presidente do BC

Economia recuou 0,1%no segundo trimestre. Pasta da Economia destaca que desempenho se refere ao período que registrou mais mortes por Covid
Gabriel Shinohara e Manoel Ventura
Logo depois do anúncio da queda de 0,1% no PIB no 2º trimestre, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que o resultado veio abaixo do que o mercado esperava, mas dentro das expectativas da autoridade monetária.
— (O número) veio um pouquinho mais fraco do que o mercado esperava. A gente deve ter uma revisão um pouquinho pra baixo no ano corrente. Veio mais ou menos em linha com o que o BC achava. A gente já tinha um número de crescimento ligeiramente abaixo do mercado — disse durante apresentação na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara.

A queda de 0,1% é considerada estabilidade pelo IBGE.

Segundo a mediana de projeções de analistas ouvidos pela Reuters, o resultado do trimestre esperado era uma alta de 0,2%. Já o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma espécie de prévia do PIB, registrou uma variação positiva de 0,12% no mesmo período.

Para o ano, a última projeção do BC é de um crescimento de 4,6%, enquanto o mercado espera uma alta de 5,22% na atividade econômica, segundo o relatório Focus.

Corte de projeção da dívida

Campos Neto citou a influência do desempenho negativo da agricultura e dos investimentos no resultado do PIB, mas ressaltou que o importante é crescer “o máximo possível”.

— O importante é crescer o máximo possível, criar um ambiente favorável de credibilidade em negócios à medida que a gente vá avançando com as reformas, com a mensagem de estabilidade fiscal e isso tem sido muito importante — destacou.

Em nota, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia ressaltou que o resultado negativo ocorreu no trimestre em que houve o maior número de mortes por Covid-19 e com efeitos setoriais relevantes.

“Mais relevante do que observar o número do crescimento, é analisar a sua qualidade. Importantes reformas pró-mercado e medidas de consolidação fiscal estão sendo aprovadas, lançando as bases para o crescimento sustentável do país no longo prazo”, diz a nota.

“Destaca-se a melhora relevante nos indicadores fiscais, com redução das projeções da dívida bruta em percentual do PIB e menor déficit primário para 2021-22”, complementa a secretaria.

Para o governo, a escassez de matérias-primas teve impactos negativos na indústria de transformação, e, devido à quebra de safra no café, houve retração do setor agropecuário.

“No entanto, destaca-se que a vacinação em massa tem possibilitado fortalecimento dos serviços, destacando este setor como principal contribuidor para o PIB no primeiro semestre”, diz a nota.

Privatizações e concessões

A SPE afirma ainda que o crescimento de longo prazo da economia brasileira depende da abertura econômica, de privatizações e concessões, melhora dos marcos legais e aumento da segurança jurídica, melhor ambiente de negócios e redução da burocracia, correção da má alocação de recursos e facilitação da realocação de capital e trabalho na economia.

O presidente do BC também afirmou que a instituição tem entendido e passado a mensagem de que a pior coisa para o crescimento é uma inflação descontrolada. Por isso, o BC tem subido juros e recorrentemente sinalizado que vai fazer o que for necessário para colocar a inflação na meta.

O mercado vem aumentando suas projeções de inflação nos últimos meses e atualmente projeta um índice de 3,95% para 2022, acima do centro da meta, que é de 3,5%. Para diminuir essas expectativas, o BC tem aumentado a taxa básica de juros, que na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) chegou a 5,25% ao ano.

— A inflação descontrolada é um imposto perverso para as pessoas, principalmente as de baixa renda, porque não têm capacidade de se proteger da inflação, lembrando que os grandes surtos inflacionários foram onde a desigualdade aumentou muito no Brasil — pontuou.

Pano de fundo fiscal

Sobre a situação fiscal, Campos Neto disse que, se o governo fizesse um investimento desrespeitando o teto de gastos, o efeito negativo se sobreporia ao efeito positivo.

— Hoje se a gente fizesse um grande investimento público desrespeitando o teto, provavelmente o impacto líquido disso não ia ser positivo, porque ia desorganizar os preços de mercado de uma forma tão grande que isso ia mais do que compensar o que de fato o governo estava fazendo para crescer a economia em termos de investimento, então tem um equilíbrio, uma sintonia fina muito importante a ser seguida — disse.

Nas últimas semanas, o presidente do BC tem alertado que o mercado está preocupado com as conversas sobre o pagamento dos precatórios e a tentativa de abrir espaço no Orçamento para o Auxílio Brasil, seja pelo parcelamento proposto pelo governo ou pelo caminho da solução judicial.

Nesse mesmo tema, Campos Neto tem dito que o “pano de fundo” fiscal é melhor do que o esperado no início da crise e cita, por exemplo, a trajetória de queda na relação dívida/PIB.

— Eu tento separar o que é o pano de fundo do que é o ruído que a gente está vendo dos agentes de mercado mais recentes. A gente tem um pano de fundo de melhora. Se comparar com o que a gente esperava seis meses, oito mese atrás a gente tem uma figura fiscal que é melhor — afirmou.

fonte: https://oglobo.globo.com/economia/pib-veio-um-pouquinho-mais-fraco-do-que-mercado-esperava-diz-presidente-do-bc-1-25179939 acessado em 01/09/2021.

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