Prévia do Pib registra alta de 1,3% em maio, mas retomada é mais lenta que o previsto
Resultado veio abaixo das projeções. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda ainda é de 14,2%
Por Gabriel Shinohara
A economia brasileira registrou alta de 1,3% em maio na comparação com o mês anterior, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado nesta terça-feira. O mês registrou o primeiro número positivo desde fevereiro, mas veio abaixo das expectativas de mercado, que esperava uma alta de 4,5%.
A alta de maio veio após uma queda de 9,4% (número ajustado) no mês de abril, a maior da série histórica iniciada em 2003. O mês é apontado por especialistas como o pior da crise.
As estatísticas de alguns setores da economia apontavam para uma melhora em maio depois de quedas históricas no mês anterior. O comércio varejista registrou recuperação de 13,9%, a indústria avançou 7% em maio. No entanto, o setor de serviços, mais afetado pela crise, teve a quarta queda seguida.
Apesar da alta em maio em comparação com abril, a queda foi de 14,2% em relação a maio do ano passado. O índice do mês veio abaixo das projeções de mercado, que esperavam uma alta de 4,5%.
Possíveis revisões
O chefe de renda variável da Vero Investimentos, Fabio Galdino, avalia que o mercado estava otimista demais e que o resultado pode trazer uma onda de revisões de expectativas para os próximos meses.
— Acreditar que a gente tinha 4,5% de projeção talvez tenha sido muito otimismo. Acredito que isso já vem demonstrando um pouco o efeito da pandemia e talvez uma sinalização para o mercado de que uma coisa é a gente ter um otimismo exagerado baseado no fluxo global e a liquidez, e outra coisa é o que realmente está acontecendo na economia. A gente tem um descompasso.
No entanto, Galdino avalia que o número era esperado, dada a realidade da crise.
— É um número mais desafiador, mas não é um número desesperador. É uma questão de o mercado começar a ajustar as expectativas.
O índice do mês veio em linha com as expectativas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). A economista e pesquisadora da FGV Luana Miranda afirmou que, apesar de a instituição esperar uma alta de 1,9% em relação a abril, o número veio dentro das expectativas porque houve um ajuste na estatística de abril.
Em relação ao mesmo mês de 2019, a FGV projetava uma queda de 14,1%. Na análise de Miranda, a projeção mais otimista do mercado pode ter acontecido por causa dos números do varejo, que vieram bem acima do esperado.
— Pode ser que esses resultados melhores do consumo de bens façam com que as pessoas revisem demais os resultado, mas é importante notar que o consumo de serviços ainda está muito deprimido.
Expectativa quanto a junho
Para junho, o Ibre espera números bem melhores, com uma queda de 5,4% na comparação com o mesmo período de 2019 e uma melhora de 6,9% em relação a maio.
— De modo geral a gente tem visto essa melhora, lojas, eletrodomésticos, lojas de departamentos melhorando o faturamento nominal, já em patamares positivos. Isso mostra um aquecimento da demanda em junho, especialmente no setor de bens, mas os serviços ainda mostram uma situação muito complicada.
A alta de maio foi registrada após fevereiro e março terem resultados negativos de 6,1% e 9,4%, respectivamente. Com isso, o indicador ainda registra uma queda de 6% na atividade econômica do ano até agora.
Observando o mercado financeiro, o atual cenário do Ibovespa (índice de referência da Bolsa de São Paulo) mostra que a recuperação também é observada no mercado de capitais. Após ter atingido os 63 mil pontos em março, o Ibovespa voltou ao patamar dos 100 mil pontos na última semana.
O IBC-Br é uma prévia aproximada do Produto Interno Bruto (PIB) calculada pela autoridade monetária e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 2,25%.
O índice incorpora informações sobre o nível de atividade em indústria, comércio, serviços e agropecuária, além do volume de impostos.
Já o PIB, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é mais abrangente e também se baseia, por exemplo, em índices de orçamentos familiares e inflação. É a soma de tudo que foi produzido no país.
Fonte: https://www.oglobo.globo.com/
Link: https://oglobo.globo.com/economia/previa-do-pib-registra-alta-de-13-em-maio-mas-retomada-mais-lenta-que-previsto-24531381. Acessado em: 14 Julho 2020, 13:18:18.