Puxada por gasolina, prévia da inflação fica em 0,48% em fevereiro
Alta veio abaixo da esperada pelo mercado, de 0,50%
Por Diego Garcia
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), também conhecido como prévia da inflação, registrou alta de 0,48% em fevereiro, informou nesta quarta-feira (24) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No ano (considerando janeiro e fevereiro), o índice ficou em 1,26%. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,57%. Em fevereiro de 2020, o índice havia registrado alta de 0,22%.
O resultado ficou abaixo do que projetavam economistas ouvidos pela Bloomberg, que esperavam uma variação de 0,5% no mês. Para o ano, a expectativa era de alta de 4,59%.
O índice foi influenciado principalmente pela alta da gasolina, que exerceu impacto de 0,17 ponto percentual, após subida de 3,52% nos preços. Também tiveram alta o óleo diesel (2,89%), o etanol (2,36%) e o gás veicular (0,61%).
A inflação dos combustíveis tem preocupado o governo. Segundo interlocutores do Planalto, a intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Petrobras foi motivada também pela insatisfação do mandatário com os reajustes de preços adotados pela estatal.
Desde janeiro, o preço da gasolina vendida pela Petrobras acumula alta de 34,7%. O diesel subiu 27,7% no mesmo período.
O governo vem estudando formas de segurar a subida. Bolsonaro anunciou, por exemplo que vai zerar os tributos federais incidentes sobre o óleo diesel durante dois meses, a partir de 1º de março. O presidente ainda assinou um decreto que obriga os postos a informar a composição do valor cobrado por combustíveis na bomba.
O Planalto estuda também a criação de um voucher para caminhoneiros, com o objetivo de restituir os tributos federais quando o preço do diesel aumentar.
Depois dos combustíveis, o segundo maior impacto no IPCA-15 veio da educação (0,15 ponto percentual no resultado do mês). O grupo registrou alta de 2,39% nos preços, reflexo dos reajustes anuais nas mensalidades escolares aplicados no início do ano letivo.
Também influenciou a alta o fim de descontos nas mensalidades aplicados em 2020 pelas instituições de ensino em meio à pandemia de Covid-19. A maior alta foi observada em Fortaleza (CE), de 8,86%.
Por outro lado, exerceu pressão negativa a redução nas tarifas de energia elétrica, de 4,24%, decorrente da mudança da bandeira tarifária vermelha, em dezembro, para amarela em janeiro e fevereiro.
A queda fez Goiânia ser a única localidade a apresentar deflação (-0,03%) na prévia da inflação de fevereiro, após retração de 4,88% nos preços da energia elétrica.
O grupo alimentação e bebidas, vilão da inflação em 2020, manteve a tendência de desaceleração. Entre janeiro e fevereiro, a inflação no segmento passou de 1,53% para 0,56%.
Entre as principais quedas de preço no grupo estão a batata inglesa (-5,44%), o leite longa vida (-1,79%), o óleo de soja (-1,73%) e o arroz (-0,96%).
O centro da meta de inflação para 2021 é de 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.
O mercado, no entanto, já projeta que o índice encerre o ano acima do centro da meta. Segundo o Boletim Focus, pesquisa feita pelo Banco Central com economistas, o IPCA deve acumular alta de 3,82% neste ano.
Para este ano a pesquisa mostra forte aumento dos preços administrados, de 5,10%, contra alta de 4,60% calculada anteriormente. Para 2022 a expectativa de alta dos preços foi reduzida a 3,86%, ante 3,94%
fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/02/previa-da-inflacao-fica-em-048-em-fevereiro-diz-ibge.shtml acessado em 25/02/2021.