Serviços crescem 1,1% em julho e atingem maior nível desde março de 2016
Atividade registrou quarto mês seguido de alta. Trajetória de recuperação vem sendo sustentada pelos segmentos não presenciais
Carolina Nalin
O setor de serviços avançou 1,1% em julho, na comparação com junho, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. É o quarto mês seguido de alta da atividade, após queda em março frear a trajetória de recuperação.
Com o resultado, o setor se encontra 3,9% acima de fevereiro do ano passado e também alcança o patamar mais elevado desde março de 2016.
O resultado veio em linha com o esperado. Analistas ouvidos pela Reuters projetavam alta de 1,0% no mês.
Serviços presenciais abaixo do pré-crise
Das cinco atividades pesquisadas, duas puxaram o desempenho positivo do setor. Os serviços prestados às famílias cresceram 3,8% na passagem de junho para julho e, agora, acumulam ganho de 38,4% entre abril e julho.
O resultado foi impulsionado pelo desempenho dos segmentos de hotéis, restaurantes, serviços de buffet e parques temáticos, que costumam crescer em julho devido às férias escolares.
Já os serviços profissionais, administrativos e complementares, que inclui atividades jurídicas, serviços de engenharia e soluções de pagamentos eletrônicos, avançaram 0,6%. O segmento agora acumula alta de 4,3% nos últimos três meses e superou pela primeira vez o patamar pré-pandemia, ficando 0,5% acima de fevereiro de 2020.
— Essas duas atividades são justamente aquelas que mais perderam nos meses mais agudos da pandemia. São as atividades com serviços de caráter presencial que vêm, paulatinamente, com a flexibilização e o avanço da vacinação, tentando recuperar a analista da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Apesar do avanço no mês, os serviços prestados às famílias ainda operam 23,2% abaixo do patamar pré-crise. Essa é a única das cinco atividades que ainda não superou o nível de fevereiro de 2020.
— Isso é compreensível já que se trata da atividade em que há a maior concentração de serviços prestados de forma presencial. É uma atividade que lida com restrições de oferta. (…) No lado da demanda, há pressão por conta da falta de avanço da massa de rendimento das famílias e do nível de desemprego elevado, que impedem que esse serviço cresça na mesma forma que os demais apurados dentro do setor — acrescenta Rodrigo Lobo.
Recuperação gradual
Analistas avaliam que a retirada das medidas restritivas à mobilidade, somada ao avanço da vacinação contra a Covid-19, tendem a manter o setor de serviços em trajetória de recuperação.
Índice de Confiança de Serviços, (ICS) medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 1,3 ponto, chegando a a quinta alta seguida em agosto, com 99,3 pontos. É o maior nível desde setembro de 2013.
Por outro lado, o desemprego elevado e a inflação em quase dois dígitos podem dificultar a recuperação dos serviços prestados às famílias, segmento que mais sofreu com a pandemia.
Na avaliação de Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa, embora as atividades presenciais tenham crescido em julho, a recuperação do dependem tanto do contato físico.
— Os serviços de caráter presencial seguem avançando, mas ainda num ritmo inferior ao de fevereiro de 2020. O que sustenta o setor de serviços no patamar um pouco abaixo de março de 2016 são os serviços de caráter não presencial, como serviços de tecnologia da informação, serviços financeiros, e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio, que obtiveram ganhos de receita mais expressivos — detalha Lobo.
Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/servicos-crescem-11-em-julho-atingem-maior-nivel-desde-marco-de-2016-25195849 acessado em 14/09/2021.