Sinal do Copom para os próximos passos é bom, afirma Le Grazie

Sinal do Copom para os próximos passos é bom, afirma Le Grazie

Ex-diretor do BC vê Selic em 7,25% no fim do ciclo, mas acredita que taxa possa chegar a 8%

Por Victor Rezende

Mais do que a elevação de 1 ponto percentual da Selic ontem, amplamente em linha com o que o mercado esperava, a mensagem em relação aos próximos passos da política monetária “é boa”. A avaliação é de Reinaldo Le Grazie, exdiretor de Política Monetária do Banco Central e sócio-fundador da Panamby Capital. “O Copom diz ser apropriada uma taxa acima do nível neutro, mas há duas reuniões falava sobre um ajuste parcial. Houve uma mudança significativa na comunicação”, observa.

Ao esmiuçar alguns pontos do comunicado da decisão que colocou a Selic em 5,25% ao ano, Le Grazie observa que o Copom deu ênfase à possibilidade de os componentes inerciais da inflação serem mais fortes do que o esperado anteriormente.

“Ele reconheceu um pouco mais de inércia do que tinha nos modelos antes. Estamos falando de uma inflação de 6,5% em 2021, que vai para 3,5% em 2022. Como vai haver uma desaceleração tão forte? O que ele fez foi reconhecer que a inércia é um pouco mais forte.”

Para o ex-diretor do BC, a projeção do Copom de um IPCA que termine o próximo ano em 3,5% contempla um hiato do produto ainda aberto. “Eu concordo que os catalisadores para o crescimento no ano que vem não são fortes e que nós podemos ter uma atividade mais fraca. Pelas projeções, o Copom indica ter uma leitura de inércia menor e de fechamento mais
comedido do hiato do produto. O que importa, porém, é que ele está fazendo o ajuste apesar disso”, aponta.

Assim, para Le Grazie, se o cenário do Banco Central se provar ser verdadeiro mais à frente, ele estará em uma posição “confortável”. “O BC está fazendo o ajuste e falou em ser tempestivo. Eu interpreto isso como fazer mais rápido para ter de fazer menos lá na frente. Ser tempestivo é ser rápido, é não perder o timing. É o que ele está fazendo agora.”

Antes da decisão do Copom, a Panamby Capital já projetava, em seu cenário básico, uma Selic que encerraria o ano em 7,25%. Ao menos por enquanto a taxa terminal esperada foi mantida, “mas não será um susto se tiver que subir mais”. Le Grazie acredita que não será um problema falar que o nível dos juros no fim do atual ciclo pode ser maior que 7,25% e chegar a 8% ao ano, possivelmente.

“Vamos ter que assistir um pouco o filme antes. A inflação de serviços é a novidade da vez. Por enquanto, estamos mantendo os 7,25%, mas não duvido que seja mais alta. Na distribuição de probabilidades, a chance de ser mais alta é bem maior do que a possibilidade de uma Selic abaixo desse nível. Uma taxa abaixo de 7,25% tem uma probabilidade pequena de acontecer”, observa Le Grazie.

Embora considere que a mensagem do Copom tenha sido “boa”, o ex-diretor do BC acredita que o colegiado poderia ter colocado “um pouco mais de peso” na orientação para a próxima reunião. “Ele falou que pode ser igual, mas que pode alterar o passo se achar que é necessário. Acho que poderia ter carregado um pouco mais nessa parte. Por isso não acredito que a mensagem tenha sido super ‘hawkish’ [alinhado a uma política mais dura de retirada de estímulos]. Foi algo mais neutro”, avalia.

Além de ter efetuado a elevação de 1 ponto na Selic, o Copom reconheceu que o cenário é de uma inflação mais persistente e de atividade forte tanto no cenário doméstico quanto no exterior.

“Isso é um pouco hawkish, mas é apenas a realidade. Fora isso, o tom do comunicado é bastante neutro”, observa o profissional.

Em relação à atividade econômica, Le Grazie aponta que o Copom “deu um tom mais adequado”. Na decisão de junho, o colegiado havia apontado que os indicadores recentes continuavam mostrando evolução mais positiva do que o esperado, apesar da intensidade da segunda onda da pandemia.

“Ele retirou esse ‘apesar’ e passou a reconhecer que a atividade está muito forte. Isso é positivo. Além disso, ele repetiu que a atividade econômica global está forte e falou do risco de inflação nas economias avançadas. Do ponto de vista da atividade, não há dúvida de que esse ambiente é favorável para emergentes.”

fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2021/08/05/sinal-do-copom-para-os-proximos-passos-e-bom-afirma-le-grazie.ghtml acessado em 05/08/2021.

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